(texto de Luiz Ernesto Brambatti)
Desde a
colonização alemã do vale do Caí já havia o acesso para das Villas de São José
do Hortêncio à Picada Feliz (Linha Feliz), de Nova Petrópolis para Nova Palmyra
e de Linha Christina para Feliz (1867), uma vez que a colonização alemã ali se
instala entre 1846 e 1850. Em 1854, os
colonos alemães já utilizavam o passo da Esperança, na Picada Feliz, para
chegar até o porto de Dona Theodora[1],
no Rio Cahy para levar sua produção:
Tive a honra no dia 12 do corrente de receber o
officio de V.Excia. datado de 12 do mesmo , no qual ordena o quanto antes
me apresentar à Contadoria
Provincial a fim de prestar contas da quantia de três contos de reis que recebi
dos Cofres Provinciais em diferentes prestações, sendo a última em março do ano passado para reabertura da
estrada que conduz do passo da Esperança ao porto de D. Theodora, no rio Cahy.
Exmo. Sr. Meus desejos são de muito as ter prestado se
não fosse os tropeços que tenho encontrado na falta de trabalhadores.
ASSINA: Antonio José da Silva Junior – Administrador
dos trabalhos da Estrada
(Fonte: Maço
09, caixa 05, Obras Publicas, Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul)
A primeira
referência encontrada de construção de parte do que seria mais tarde a estrada
Visconde do Rio Branco foi em oficio de 11 de maio de 1854, onde José Antonio
da Silva, administrador dos trabalhos de estradas, informa ao Presidente da
Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul, Dr. José Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, que viria a
ser o Ministro da Agricultura e Obras Publicas do Imperio, no Rio de Janeiro,
no período da colonização italiana,as contas com a abertura da
estrada que vai do Passo da Esperança ao porto de Bernardo Matheus, no rio
Cahy.
Levo as mãos de V. Excia. a conta e documentos com que
provo as despesas feitas com a abertura da estrada que do Passo da Boa
Esperança na Picada da Feliz segue ao porto de Bernardo Matheus, no rio Cahy
acima, com as estivas feitas na sua estrada. A ponte e outros melhoramentos
estão em andamento e conto brevemente dar a V;Excia a última conta. Deos guarde
a V. Excia. em 11 de maio de 1854: ASSINA: Antonio José da Silva Junior – Administrador dos trabalhos
da Estrada
Fonte: Maço
09, caixa 05, Obras Publicas, Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.
A primeira picada que
se tem noticia que subiu em direção à futura Colonia situada a fundos de Nova
Palmyra foi aberta, segundo Adami, por Antonio Machado de Souza, em 1864, o
qual firmou residência no local onde está localizado o centro da cidade de
Caxias. Em 1871, l.uiz Antônio Feijó Junior, “recolheu amostras de terra e
fibras naturais, para serem examinadas nos laboratórios da Corte e verem do que
eram capazes de produzir” (ADAMI, Historia de Caxias do Sul, de 1864 a 1970,
TOMO I, 1970, p. 79) , medida necessária antes de iniciar a
colonização. Dizem os antigos que Feijó também expulsou alguns índios na
região, que nessa época já eram poucos. ( SANOCKI, 2002,p.62)
Luiz Antonio Feijó Junior era estancieiro da Fazenda
“Estaleiro”, município de Triunfo. Após trabalhos realizados , solicitou a
governo três Léguas quadradas nas localidades de Conceição e São Marcos, onde
loteou e vendeu para os imigrantes. Estes o chamavam de “Conde Feijó”. Adquiriu
do Governo os lotes n. 18 e 19 do Travessão Santa Tereza da 5ª Légua, em
1885.Adami se refere a Feijó como “O Visionário”, por ter sido ele, segundo o
autor, quem levou ao governo da Provincia a idéia de mudar a sede da Colônia,
inicialmente em Nova Milano, para o “Campo dos Bugres”, atual centro de Caxias.
Seu nome consta do Monumento Nacional ao Imigrante. ( SANOCKI, M. 2002, p.62, apud GARDELIN, 1992, p.90)
Spadari
Adami, um dos historiadores de Caxias do Sul, cita que ”assim era esta região ainda em 1875, quando os imigrantes, que também
podem ser considerados como primeiros povoadores, começaram a chegar à base do
Morro Cristal, então conhecido como Morro da Torre, em Nova Palmira, e chegaram
à primeira, Segunda e Terceira Légua, já medidos pelos agrimensores, e
conhecidos após pelo nome de Núcleo Colonial aos Fundos de Nova Palmira. ” (ADAMI, Caxias do Sul, 1957)
As medições de terras na nova
colônia começaram em 1874, portanto, para chegarem ao Campo dos Bugres, os
agrimensores já usavam a picada aberta na montanha, pelo Morro Cristal da
Terceira Légua, pois já havia acesso de São Sebastião do Caí até Nova Palmira,
e ir de Nova Palmira ao Campo dos Bugres era mais perto do que ir de Nova Milano.
Embora a
Colônia Caxias pertencesse ao município de São Sebastião do Caí, a construção
das estradas de acesso (viação externa) e estradas vicinais(viação interna) das
Colônias ficava a cargo da Diretoria da Comissão de Terras e Colonização da
Colônia, vinculada à Inspetoria Especial de Terras, sediada em Porto Alegre,
que por sua vez, estava vinculada à Inspetoria Geral de Terras e Colonização do
Império, no Rio de Janeiro, pertencente ao Ministerio dos Negocios de
Agricultura e Obras Publicas . Esta estrutura de organização das Colônias
perdurou até 1906.
O
engenheiro Chefe da Comissão era a autoridade máxima da colônia, “ a quem cabia coordenar os trabalhos de
demarcação, dirigir todos os negócios e serviços da Colônia que iam desde a
expedição dos títulos provisórios e definitivos de propriedade à arrecadação da
renda da Colônia, passando pelo emprego dos imigrantes nos trabalhos de
construção de estradas” (MACHADO,
2001, p. 42) .
Quando da
formação da Republica, em 1889, a construção e conservação de estradas
estaduais passou para a Diretoria de Viação da Secretaria de Obras Publicas do
Estado do Rio Grande do Sul.
[1][1][1]
Dona Theodora é a referencia de Dona Teodora Antônio de Oliveira, que em 1836
comprou de Bernardo Mateus metade de sua sesmaria, que era de 272 ha, ou seja,
comprou 136 ha. No lugar onde é hoje São Sebastião do Caí. O lugar de embarque
e desembarque, no rio Caí, foi conhecido em meados do século XIX também como
porto Thedora. (Historias do Vale do Caí. Blospot, postagem n. 529, acesso em
05 de maio de 2013)
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